GCM reduz rondas em Sorocaba para conter as despesas

GCM reduz rondas em Sorocaba para conter as despesas



A Guarda Civil Municipal (GCM) de Sorocaba reduziu em 28,6% o consumo de combustível e, consequentemente, o volume de patrulhamento nas ruas da cidade, entre os meses de agosto e outubro deste ano. A medida foi imposta pela Prefeitura visando a contenção de despesas. A determinação inicial recomendava o corte de 25% do consumo, ou seja, um quarto da média de combustível que era utilizada pelas viaturas. O comando da corporação alega que a contenção "não acarretou prejuízo aos serviços executados diariamente", porém, a versão de guardas ouvidos pela reportagem é de que a atuação sofreu limitações como a implementação de novos critérios de patrulhamento.

Segundo a própria GCM, os valores economizados com a medida não são contabilizados em dinheiro, mas sim nos litros de combustível consumidos. No último ano, a corporação registrou um consumo mensal de aproximadamente 10 mil litros de etanol, gasolina ou diesel. Com a proposta de redução, a Guarda informa ter poupado 8,6 mil litros nos últimos três meses. A contenção dos insumos foi iniciada em agosto, mês em que o percentual de redução no consumo de combustível foi de 33%. Em setembro, o índice chegou a 38%, mas no mês seguinte, caiu para 15%, de acordo com a Prefeitura, por conta do processo eleitoral, que demandou mais serviços da Guarda.

Na média, o índice de redução ficou acima do proposto inicialmente, e a administração considera que "o atendimento à população foi otimizado" com a "regionalização e setorização" do patrulhamento, além da readequação dos núcleos operacionais. De acordo com a GCM, a tendência é de que o novo modelo de utilização do efetivo seja mantido ininterruptamente.

Impacto no patrulhamento

Apesar das afirmações da Prefeitura, guardas civis municipais ouvidos pela reportagem confirmam que a medida de contenção resultou em prejuízos para o patrulhamento nas ruas. "É impossível manter o mesmo nível de abrangência nas ruas tendo que diminuir o consumo de combustível", revela um GCM. Outro guarda explica que, com o racionamento, as guarnições se veem obrigadas a "segurar a mão" nas rondas. "Ficamos engessados justamente no fim de ano, quando a atenção precisa ser redobrada", comenta. Todos os GCMs consultados pela reportagem não foram identificados a fim de evitar possíveis retaliações.

Já um outro profissional da GCM acredita que a mudança de fato era necessária. "Às vezes, uma viatura que agora percorre 40 quilômetros por dia percorria 120 km sem necessidade", diz. Embora reconheça que a atuação da corporação seja limitada com a medida, ele diz que nem todos as divisões da corporação saíram prejudicadas, já que algumas delas já trabalhavam por setorização. Segundo o guarda, todas as viaturas passaram a ter um limite de uso de combustível por mês, passando a atender somente dentro de uma determinada região. Ele explica, porém, que há exceções: quando comprovada a necessidade, abastecimentos suplementares são liberados mediante aprovação do comando. Além disso, para que a viatura se desloque de uma área até outra, fora do raio estipulado, é preciso autorização, que é dada mediante necessidade.

Coincidência ou não, a reportagem teve dificuldades em localizar viaturas da GCM em patrulhamento pela cidade durante a semana. Em um dos dias em que o Cruzeiro do Sul foi às ruas no período da tarde, foram percorridos aproximadamente 50 quilômetros no perímetro urbano de Sorocaba, em diversas regiões diferentes, sem que nenhuma guarnição fosse encontrada, o que só ocorreu na manhã seguinte.

O efetivo da Guarda Civil Municipal de Sorocaba conta com cerca de 400 profissionais que realizam ações de policiamento ostensivo preventivo e orientação de trânsito, entre outras, possuindo uma divisão denominada Rondas Ostensivas Municipais (Romu) que fazem patrulhamento semelhante ao da Polícia Militar, atuando inclusive em prisões e apreensões.

População cobra

A presença reduzida da GCM nas ruas tem assustado os sorocabanos, em especial os moradores de bairros que estão fora dos principais corredores viários da cidade. No Jardim Santa Bárbara, na zona oeste, a queixa é de que o patrulhamento diminuiu muito nos últimos meses, resultando numa maior incidência de criminalidade. "Raramente passa uma viatura aqui e à noite acontecem muitos roubos. Minha irmã, por exemplo, foi assaltada há pouco tempo", relata a balconista Hélida Silva.

A comerciante Vivian Carolina Borges também mostra preocupação com a segurança na região. "Trabalhamos com medo aqui", conta. De acordo com a técnica em estética Maria Elizabete Moneta, os espaços públicos do bairro não recebem nenhum policiamento constante há meses, e as viaturas só chegam à região diante de ocorrências comunicadas. Para a vendedora Tatiane Marino Moreira, a situação econômica não deve interferir nas questões de necessidade pública. "Não tem crise para educação e segurança. Os impostos nós estamos pagando em dia", reclama.

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